sexta-feira, 10 de maio de 2013

Shingeki no Kyojin – Anime: os 5 episódios até agora







Muito tinha se especulado em relação à série animada de Shingeki no Kyojin desde que fora anunciada vários meses atrás e seus trailers tornaram-se febre na internet. A animação impressionava pela qualidade e, apesar das cenas escassas, a fidelidade à obra original já estava garantida. Eu, que já era um grande fã da série há dois anos desde que li o mangá, não podia estar mais empolgado. O hype era muito grande entre aqueles que leram o mangá e, aos poucos, também foi ficando grande entre os que não leram nem nunca haviam ouvido falar da obra. Mas será que a série conseguiu alcançar todos os objetivos que haviam sido prometidos? Valeu a pena esperar? Eu me considero um grande fã de SnK, e essa é a minha impressão sobre o animê até agora.


            Antes de falar de mim, entre a comunidade fanática por animês o desenho foi um estouro. Quem não conhecia a série antes virou fã quase instantaneamente (assim como havia ocorrido com o mangá antes). Os leitores do mangá também ficaram indiscutivelmente satisfeitos de um modo geral. O primeiro episódio teve uma repercussão tão absurda que na mesma semana não havia sequer um site sobre animês que não estivesse falando sobre Shingeki. Até agora os fóruns estão entupidos de discussões e debates e o numero de fãs aumentou significativamente. O Youtube explodiu com vídeos em homenagem à obra, AMVs e paródias da abertura. Sites como o DeviantArt se encheram de FanArts e fotos de cosplayers vestindo capas com o brasão da Scouting Legion e réplicas das espadas e do 3D Maneuver Gear usado na história.   





            Shingeki no Kyojin mal teve sua estreia no mundo das animações japonesas e é essa a impressão que ele deixou no público. E, é claro, como fã assumido que sou do mangá, devo dizer que esta foi a mesma impressão que caiu sobre mim. O que eles fizeram com o primeiro episódio foi refletido no resto dos episódios com competência absoluta. O roteiro, que é e sempre será a minha maior preocupação, ficou muito bem adaptado para o formato de série; a animação, que me deixou preocupado desde que assisti aquele filme horroroso do Berserk, é de qualidade e usa pouco CG, imitando os traços do autor com fidelidade quase absoluta; e a atmosfera, a essência do mangá, que para mim é o fator mais importante em uma adaptação, foi preservada o máximo em que isso é possível de se fazer em uma adaptação em animê sem deixar de incluir fatores básicos que compõem toda e qualquer série animada de respeito. É desse nível que eu tô falando.

            Mas antes de começar a explicar a fundo todos os pontos em que essa produção me agradou tanto, vou contar, mais uma vez, a história de SnK. O mangá acompanha três crianças, Eren Jaegger, Mikasa Ackerman e Armin Arlert, e se passa em um mundo antigo, bem mais do que o nosso, como se fosse uma Terra alternativa, mas com uma civilização humana bem mais rústica. Não chega a ser um mundo medieval, mas possui algumas características que o definiriam como tal, só que com uma tecnologia que chega a ser steampunk até certo nível. Na história desse mundo, no ano de 750 a humanidade foi quase que completamente exterminada por uma raça de gigantes (que são chamados de titãs) que surgiram de repente sem nenhuma explicação ou aviso prévio. Os sobreviventes desse ataque se juntaram em uma cidade enorme protegida por muralhas de 50 metros. Os titãs, medindo no máximo uns 15 metros, são incapazes de derrubá-la.





Desse jeito, a humanidade conseguiu sobreviver durante quase cem anos, até que, no ano 845, surge um titã ainda mais alto do que a muralha, abre um enorme buraco nela e some sem deixar vestígios. Os titãs normais passam pelo buraco e iniciam uma nova era de destruição para a raça humana. Cinco anos depois, em 850, vemos os três protagonistas já alistados no exército e bem mais velhos, cada um com um objetivo diferente. Armin pretende ser de alguma utilidade para a humanidade. Eren pretende exterminar todos os titãs, responsáveis pela morte de sua mãe, e explorar o mundo exterior. Mikasa quer proteger seu meio-irmão Eren, única família que lhe falta. E é aí que o titã colossal de 60 metros reaparece para abrir um novo buraco na muralha e começar tudo de novo. São basicamente estes acontecimentos que o animê narra até o quinto episódio.

            Pra começar, não seria nem um pouco fácil adaptar o roteiro do mangá para um formato em animação, pois o autor gosta de ir e voltar no tempo para mostrar acontecimentos passados dos personagens que terão algum reflexo no presente. E ele faz isso praticamente o tempo todo. Para lidar com isso, o diretor optou por fazer algo mais linear, seguindo a ordem cronológica dos flashbacks, e não a ordem completamente aleatória do mangá, cuja linearidade quase inexiste. Os leitores do mangá vão perceber alguns pequenos detalhes que foram cortados do enredo para deixar o roteiro mais enxuto, e eu admito que isso me incomoda, mas de uma maneira geral a adaptação segue o original com muito respeito e fidelidade. Eles chegaram até a colocar algumas ilustrações do mangá nos créditos de abertura, como se estivessem anunciando de que esta será uma adaptação fiel. Mesmo não estando perfeito, eu posso afirmar com total facilidade que, dentro de cada cena isolada, o roteiro do animê segue, sim, o do mangá com muita fidelidade, mesmo não sendo nada absurdamente idêntico. Portanto, se você interessou, leu e gostou do mangá, não se preocupe que eu não vi ninguém se decepcionar até agora. E se você nunca leu, vai gostar também, pois não se trata de uma história qualquer. É Shingeki no Kyojin.



            A animação é outro detalhe que não decepciona. Mesmo com aquele trailer bonito e bem feito, tive medo de que a sua qualidade fosse decair com o tempo, algo que, felizmente, não aconteceu até agora. E nem dá sinais de que vá acontecer algum dia. A movimentação dos personagens, as cenas de luta, os titãs se locomovendo, coisas explodindo e desmoronando, eu não poderia esperar menos de um animê baseado em Shingeki. Durante as minhas leituras do mangá, era difícil imaginar os personagens usando os complexos equipamentos de movimentação tridimensional. Bem, o animê acabou com essa preocupação. Não só os cabos do 3D Maneuver Gear são ágeis, o design do equipamento respeita a ideia original (apenas substituindo o galão de gás por dois estranhos discos com um tubo no meio, mas pelo que eu vi essa mudança foi ideia do próprio autor) e também possuem um efeito para a fumaça que é muito bem feito, sendo ora transparente, ora opaca.

O trabalho da Wit Studios é competente, mas mesmo assim não impediu a presença de algumas cenas estáticas que substituem cenas de ação muito trabalhosas em alguns momentos, o que é meio decepcionante, mas como a qualidade alcança um nível satisfatório nos momentos mais importantes, dá para perdoar. O temido CG, que costuma estragar os animês quase sempre, dando à produção um ar preguiçoso, também está presente, mas dessa vez ele ganha uma participação positiva. É usado muito raramente, ás vezes apenas para compor o cenário ou em pequenos detalhes e você quase não percebe que ele está lá. Para ter uma noção, a maioria dos titãs foi feita com a ajuda do efeito em CG, mas a animação é tão bem feita que disfarça isso perfeitamente. Acho que a minha única reclamação de verdade seria a mesma em muitos outros animês que foram fiéis aos seus mangás, mas que possuíam um visual muito escuro em algumas cenas, o que acaba matando um pouco a atmosfera e o impacto que o mangá queria transmitir, já que a animação apela para aquele visual clichê de luz crepuscular ou ambientes de pouca iluminação.



E aqueles que estavam preocupados com a censura de cenas fortes podem respirar calmos agora. Shingeki no Kyojin é muito mais violento e ousado do que qualquer shounen que eu já tenha visto. É claro, o animê não mostra tudo de maneira assim tão explícita quanto o mangá, o que é muito provavelmente um reflexo do tabu ridículo ainda existente em torno de qualquer obra de ficção que contenha sangue demais. Shingeki no Kyojin nem chega a ser considerado um dos animês mais violentos já feitos nem nada do tipo. O negoço é que ele age exatamente como os mangás mais maduros em relação à morte de seus personagens: com muito niilismo e frieza, quase como se fosse algo normal ou sem importância, o que pode chocar um público mais conservador que não assiste nem entende obras do estilo de SnK. Mas o que importa é que a violência está lá de qualquer jeito e a censura parece não ter mostrado nenhum interesse em esconder um pouco de sangue e membros sendo decepados, algo que deverá ser tão comum no animê quanto foi no mangá.

            Mas e a essência e a atmosfera da história, os fatores que considero de maior importância em adaptações? Foram preservados? Foram, mas só até certo ponto. Eu compreendo isso perfeitamente, pois Shingeki no Kyojin é uma obra diferente do comum, tão diferente que poderia gerar estranheza na maior parte do publico. Aqueles que leram o mangá se propuseram a fazê-lo por conta própria para conseguir aproveitar o grosso da história e tirar todas as características positivas que ela conseguir oferecer. Mas com o animê é diferente. Quem assiste não necessariamente estará disposto a passar pela extensa jornada emocionalmente pesada que define a essência do mangá e nem toda a sua linha narrativa original que foge do óbvio e de tudo aquilo que já foi incansavelmente repensado e repetido em outros animês. É por isso que foi importante adaptá-lo para algo que soa um pouco mais comum e pode ser mais facilmente digerido pela grande massa do publico, pois do contrário não teria atraído tanta gente.




            Então significa que mudaram completamente a essência do mangá e o transformaram em algo clichê? Não, longe disso. A essência foi preservada o bastante para que você não consiga separar as duas versões como coisas diferentes. É a mesma história, a mesma atmosfera e o mesmo conceito, e nisso eu acho que eles foram muito, mas muito competentes em captar. Mas como o animê não é impecável, algumas cenas deixaram a desejar nesse sentido. São as cenas mais leves e brilhantes, que se passam em momentos de descontração ou de desenvolvimento de personagens. Acho que nessas curtas partes eles deixaram o animê um pouco “alegrinho” demais. Mas é só a ação começar que tudo fica sombrio e obscuro. Nestas cenas, o clima é completamente perfeito. A animação fica mais violenta, mais brutal, e passa a ser um quadrinho a cores com movimento e trilha sonora. E são nestas partes que eu acho que eles mais acertaram, pois a essência do mangá fica concentrada todinha aí.

            Outro ponto que me agradou muito foi a caracterização dos personagens. Estão perfeitos. Exceto por algumas ressalvas, mas no final não é nada que altere o enredo em muita coisa. A Mikasa, por exemplo, ficou séria demais. No mangá ela faz o papel de garota fria e serena, mas no animê eles parecem ter levado isso ao pé da letra e a transformaram em um robô quase inexpressivo. Só porque ela mantem a calma com facilidade não significa que ela também não saiba mostrar algumas expressões.



            O design dos personagens ficou muito bom de um modo geral, mas não perfeito. Eu senti que Annie e Ymir ficaram um pouco diferentes fisicamente de suas versões originais. Reyner tem um olhar duro e carrancudo demais. Ele tem sobrancelhas arqueadas no mangá, é verdade, mas acontece que eles acabaram exagerando e o deixaram com cara de mau o tempo todo. Sasha também está fisicamente diferente, por alguma razão. Mas personagens como Connie, Jean e Crista ficaram perfeitos, sem tirar nem pôr.

            Já os protagonistas, bem, Mikasa não está tão bonita quanto era no mangá, mas dá pra ver que é ela. Armin ficou quase idêntico, assim como Eren. Eu só estranhei um pouco a cor verde-petróleo nos olhos dele. Fui ver as ilustrações coloridas do mangá depois e descobri que Eren na verdade tem olhos cinza. Talvez tenham mudado isso pela vontade de transformar a obra em algo mais colorido e vivo, sei lá, mas o fato é que por alguma razão eu sempre imaginei que os olhos de Eren fossem amarelos (provavelmente por influência de algumas fanarts). Acho que combinaria mais com ele, contribuindo ainda para o conceito do seu personagem, simbolizando o fogo nos seus olhos, o que eu também acho que combinaria muito com o clima do mangá.
            Depois de tudo isso, a conclusão a que posso chegar é que, se continuar nesse nível e seguir a história original com muita fidelidade e respeito, Shingeki no Kyojin tem um grande potencial para ser uma das melhores adaptações de mangás já feitas.

            Contudo, eu sou simplesmente incapaz de escrever um post sobre e não analisar os episódios um por um...

- Episódio 1

            O primeiro episódio começa exatamente como o primeiro capítulo e o segue com perfeição quase total. Na verdade, chega a pegar um pouco do segundo capítulo também. O que mais me impressionou foi a animação de alta qualidade e a fidelidade com que o roteiro seguiu o mangá. Algumas cenas chegaram a ter até os mesmos ângulos de visão que o mangá tinha. Vi algumas pessoas reclamando da dublagem de Eren, mas no final acabei não ficando muito incomodado com isso (provavelmente porque era em japonês). O que realmente me incomodou é que a Mikasa não é tão parecida com o seu equivalente do mangá quanto Eren ou Armin, mas no geral a caracterização dos personagens está mais que excelente.




            Outra coisa que me incomodou, apesar de ser problema menor, foi a iluminação crepuscular de pôr do sol que acompanha o episódio praticamente inteiro e acaba um pouco com o clima do mangá e torna o visual do animê mais clichê. Mas como já dava pra ver, pelo trailer, que nem todas as cenas seriam assim no decorrer da série, também não me preocupei muito. Além do mais, os momentos de tensão e horror quando os titãs aparecem ficaram perfeitos, especialmente na parte da primeira aparição do titã colossal. A atmosfera sombria, o clima de perdição e desespero, a sensação de pânico e desesperança dos humanos diante da ameaça titânica, está tudo lá. O único detalhe que achei esquisito foi a forma como o titã colossal surge: através de um raio. Isso não condiz com o mangá e ainda pode dar a ideia equivocada a algumas pessoas de que os titãs são criaturas que vieram do céu, como deuses ou algo do tipo. Como aqueles que leram o mangá sabem, não é bem assim...



- Episódio 2

            O segundo episódio foi mais um grande filler do que qualquer outra coisa. A maior parte das cenas foi inventada apenas para dar um pouco mais de miolo e fazer uma ligação com os acontecimentos do próximo. Mas como se trata de uma série, e não de um filme, e temos aí pelo menos 25 capítulos já confirmados só para a primeira temporada, não dá para se importar com cenas de encher linguiça, ainda mais quando estas mesmas cenas contribuem para o desenvolvimento dos personagens. Os caras tem tempo de sobra para adaptar uma boa quantidade de material, então não é como se eles tivessem de se preocupar com o relógio. Além do mais, mesmo com cenas inventadas, este episódio trouxe muitos conceitos, ideias e diálogos do mangá, como a parte que mostra o descaso da Military Police em relação às suas obrigações (o que foi uma prévia das corrupções que serão exploradas mais tarde) e os protagonistas discutindo sobre para qual divisão do exército iriam seguir, o que influenciará no destino de cada um. A única parte que me desagradou foi o flashback de Eren que mostra seu pai injetando um liquido estranho em seu braço, pois a cena ficou muito confusa.

Além disso tudo, também é aqui que aparecem pela primeira vez personagens de peso, como a Annie. Mas para mim, o episódio valeu mesmo foi pela cena em que o titã encouraçado destrói a muralha de Maria. Foi o único caso de que me recordo onde uma cena de animê muda quase completamente a do mangá e consegue ficar ainda melhor. Antes, eu estava muito temeroso com relação a uma determinada... Coisa... Que vai acontecer no futuro. Mas depois desta cena, perdi completamente o medo e coloquei toda a minha confiança na Wit Studios de que eles farão o grande acontecimento do sexto episódio ficar perfeito.



- Episódio 3
            O terceiro episódio pegou alguns acontecimentos de capítulos futuros, que ocorreriam em flashbacks, e os amontoaram em ordem cronológica. Este aqui basicamente se resume ao treinamento dos personagens para se alistarem ao exército e à apresentação de outros importantes que farão parte do círculo de protagonistas. Apesar da ordem das cenas não ser a mesma, posso afirmar que ficou, minimamente, igual. Temos o conflito entre Eren e Jean, um pouco de comic relief com Sasha e a parte em que Eren tenta desesperadamente ser aprovado nos testes com 3D Maneuver Gear, que seriam um passo certo em direção à Scouting Legion, que é a divisão para qual ele deseja entrar. A única coisa que ficou esquisita foi uma cena inexistente no mangá em que Reiner e Bertholdt levam Eren e Armin até um lago sem nenhum motivo aparente. Até agora estou tentando entender qual foi o motivo daquilo.



- Episódio 4




            É nesse episódio que o animê tem o seu verdadeiro início. Aqui tudo começa calmo e “alegrinho” demais, como no anterior. Cadê o clima depressivo e assustador do mangá? Porém, eu fiquei surpreendentemente feliz quando descobri que havia subestimado a Wit Studios, pois só a ação começar que todos os elementos essenciais do mangá vieram à tona. A cena em que o titã colossal reaparece para tentar derrubar a muralha em Trost é perfeita. A animação ficou sombria e o clima quase brutal. Com um final em aberto, este foi na verdade o verdadeiro começo de Shingeki no Kyojin.



- Episódio 5

            Aproveitando o final em aberto do episódio anterior, este aqui já começa no meio da ação. E continua assim até o final. Finalmente temos a chance de ver o verdadeiro potencial da animação, com cenas do equipamento de movimentação tridimensional sendo usado em ambientes bem abertos e nossos personagens lutando contra os titãs. Shingeki no Kyojin acaba de começar.

Pela primeira vez vemos o Corporal Rivaille, que não chega a dizer uma única palavra (típico dele) e fisicamente, para mim, ficou perfeito em todos os aspectos. Mas mais uma vez a grande sensação do episódio foi como ele termina – em aberto, marca registrada do mangá. O final guarda a primeira grande surpresa que vai começar a mudar tudo o que sabemos sobre a série até agora. Este evento inesperado desagradou muita gente, mas acalmem-se e confiem na sabedoria do mestre Isayama. É a partir do próximo episódio em que as surpresas vão ficando cada vez mais sinistras (e graças à cena do titã encouraçado, tenho certeza de que será perfeito). Portanto, esperem pelo próximo sábado e vejam a série sofrer uma turbinada esmagadora.







Um comentário: