sábado, 20 de agosto de 2011

Metroid Prime Trilogy - Parte 3

Metroid Prime 3: Corruption
    O novo jogo de Metroid seria o último que levaria o nome Prime no título e seria responsável por encerrar de uma vez por todas a “minissérie” sobre o Phazon e Dark Samus. Metroid Prime 3: Corruption chegou às lojas em meados de 2006, 2007, junto com o novo console da Nintendo, o Wii. Por isso, era inevitável que o jogo passasse para a nova plataforma e deixasse para sempre o Game Cube. Estava na hora da franquia Metroid passar para um novo patamar, bem como fizeram todas as outras.
    Trazendo pela primeira vez na indústria dos games um controle com sensor de movimentos, o Wii revolucionou a maneira de se jogar. Era óbvio que Metroid Prime 3 também iria aderir a este novo estilo de jogabilidade. E não deu outra. O novo jogo aproveitou de todas as maneiras possíveis a captura de movimentos do controle, transformando a experiência de jogar em algo muito mais interessante e divertido. E ter o movimento dos seus braços como parte integrante do jogo ia muito mais além de simplesmente apontar para a tela para se ter uma maior precisão na hora de atirar. Com isso, a nossa heroína Samus resolveria alguns puzzles geniais desenvolvidos especialmente para este novo tipo de experiência. O aproveitamento dos sensores de movimentos não deixa nada a desejar.
    Mas por mais que a captura de movimentos fosse fantasticamente integrada ao jogo, isso era apenas uma fração de todo o resto. MP3 contou com os melhores gráficos da série até aquele momento, uma história alucinante e foi provavelmente o melhor dos três. Os produtores parecem ter finalmente desistido de fazer jogos de um personagem só e resolveram sair inventando uma gama de personagens incríveis. MP3 foi o Metroid com mais NPCs, e eles se encaixavam perfeitamente na história.

   
    E, é claro, o número de NPCs geralmente é proporcional à complexidade do enredo. As surpresas do novo jogo vêm à tona logo nos primeiros momentos. Samus está sentada no banco de sua nave. Pilotando-a! Os produtores parecem ter ouvido minhas preces e finalmente resolveram trazer a nave da caçadora como parte integrante da jogabilidade. Infelizmente, não se trata exatamente de pilotá-la, mas sim de controlar alguns comandos por dentro, como ativar escudos ou se comunicar com outras naves. O problema? A grande maioria destas funções é simplesmente descartável. Ativar os escudos não serve pra nada, e o rádio que você utiliza como comunicador só é usado uma vez.
    Seria bem decepcionante se não fosse por outra novidade: a nave receberá upgrades e poderá te transportar pelos diferentes cenários como um meio alternativo de transporte, aquele que eu tanto pedi aos deuses nos games anteriores. Finalmente esses caras pareciam estar colocando a cabeça no lugar.
    No começo, Samus está no meio do espaço quando se comunica com a Federação Galáctica, que se aproxima. Em poucos momentos, estamos a bordo de uma das principais naves da Federação, a Galactic Federation Ship Olympus, onde a heroína terá uma conversinha com algumas das maiores autoridades da galáxia, incluindo a Aurora Unit, uma espécie de cérebro mecânico-biológico - bem parecido com o que a Mother Brain foi no passado - responsável por chefiar a Federação.
    Depois de receber algumas ordens, o alarme soa e Samus é chamada para proteger a G. F. S. Olympus de um ataque pirata ao lado de outros três caçadores de recompensas. Rundas é um alienígena com poderes de gelo, Ghor é um andróide que possui um exoesqueleto gigante e Gandrayda tem o poder de mudar de forma. Juntos, os quatro recebem a missão de viajar até o planeta Norion, colônia da Federação Galáctica, e impedir que um meteoro de Phazon – chamado, neste jogo, de Leviatã – colida com o planeta. Mas não sem antes que Samus tenha uma briga em particular com um Berserker Lord (qualquer semelhança com o título do mangá “Berserk” é mera coincidência), um alien grande e grotesco de quem você deverá chutar a bunda algumas vezes no jogo.


    Chegando à Norion, a adrenalina não para. Há Space Pirates e Phazon por toda a parte e os soldados da Federação Galáctica estão em uma tentativa desesperada de conter a invasão. Samus luta ao lado dos caçadores de recompensas para rechaçar as tropas piratas e sua missão consiste em ativar um canhão que irá pulverizar de vez o Leviatã. Muitos dos invasores estão mutados pelo Phazon e a Federação parece ter descoberto uma maneira milagrosa de usar a substância mutante a seu favor com trajes chamados PED Suit. É aqui que Samus recebe seu primeiro upgrade, um visor capaz de controlar a sua nave de fora dela.
    Faltando pouco para se chegar ao canhão, Samus tem um encontro repentino com Meta Ridley, uma versão robotizada do vilão Ridley, e há uma luta entre os dois em queda livre pelas entranhas do planeta que é pura adrenalina. Com o vilão derrotado, os quatro caçadores de recompensas chegam ao canhão faltando poucos segundos para o impacto do meteoro e o destroem. Eis que surge ninguém menos do que Dark Samus em pessoa (ou, eu deveria dizer, em Phazon) que voltou para se vingar de Samus e está mais poderosa do que nunca. Concentrando todo o seu poder, Dark Samus cria uma explosão de substância mutante e todos caem desacordados.
    Em seguida, a heroína Samus acorda em um hospital da Federação no planeta Norion e recebe a notícia de que os outros caçadores de recompensas já haviam despertado e deixado o planeta antes de ela acordar. Samus havia recebido uma certa descarga de Phazon e (adivinhe) perdido todos os seus itens com a explosão criada por Dark Samus. Para ajudá-la, os médicos e cientistas transformaram sua Varia Suit em uma PED Suit, o que a permitia utilizar o Phazon como arma, mas com um preço alto. Se usar esta arma demais, a heroína corre o risco de ser completamente corrompida pelo Phazon e se tornar ela mesma uma Dark Samus. Daí o subtítulo do jogo: Corruption.


Samus ao lado dos outros três caçadores de recompensas
     E este é o principal diferencial de MP3 em relação aos outros. Mesmo sendo a sua melhor arma, se o Phazon Beam for utilizado de maneira irresponsável, pode acabar tendo um efeito contrário. Com isso, Samus estará em uma eterna luta interior onde ela não poderá deixar a substância alienígena se apoderar dela. E o mais interessante é que não há cura. Apenas a derrota de Dark Samus e o banimento do Phazon do universo poderão salvar a caçadora de um destino tão perverso.
    Como fazer isso? Destruindo a fonte de todo o Phazon, que se localiza em um planeta conhecido como Phaaze, que parece ter vida própria e que planeja controlar toda a galáxia com seu poder azul (parece até propaganda de sabão em pó). Só aí é que nos é explicado o porquê de todos os três jogos da trilogia possuírem a mesma premissa: um meteoro de Phazon que cai no planeta. Ao que parece, o planeta Phaaze utilizava os Leviatãs, que tinham a capacidade de criar buracos de minhoca, para expandir seu poder pelo universo. E os Space Pirates, que possuíam um objetivo semelhante, se juntaram a este poder tão grande em uma tentativa de subjugar todos aqueles que representariam um obstáculo para a realização de seus planos.
    E assim se inicia a nossa jornada. Samus terá de acabar para sempre com o Phazon e destruir, de uma vez por todas, sua inimiga Dark Samus. Para isso, ela deverá fazer uma limpa na galáxia e socorrer os planetas reminiscentes que foram infectados com um meteoro de Phazon. Isso mesmo, PLANETAS. A caçadora irá explorar vários planetas diferentes, ao invés de um só, o que não torna MP3 exatamente maior do que os outros jogos, mas muito mais grandioso.


    Além de Norion, temos Bryyo, Elysia, Pirate Homeworld, Phaaze e até mesmo a G. F. S. Valhalla, que foi completamente tomada por uma infestação de Phazon e Metroids depois que Samus saiu de lá. Bryyo é mais parecido com os planetas dos jogos anteriores, possuindo diversas áreas, como uma floresta cheia de ruínas, uma área de fogo e lava (na verdade, trata-se de um gel combustível) e até uma área gelada. Este planeta foi palco de muitos acontecimentos e conflitos envolvendo uma raça anciã já extinta de lagartos humanóides, segundo os textos que podem ser lidos nas paredes (o que os faz muito semelhantes às civilizações Chozo e Luminoth). Elysia talvez seja o mais interessante, pois é um dos planetas que fora habitado pelos Chozo. Por causa dos gases extremamente nocivos a qualquer forma de vida em sua superfície, os Chozo tiveram de construir uma cidade flutuante nas nuvens do planeta (o que o torna bem parecido com a City in the Sky, uma das dungeons de Zelda Twilight Princess). Pirate Homeworld é o planeta natal dos Space Pirates, como pode ser observado pelo nome, e é o que possui o ambiente mais hostil, obviamente. Phaaze é o último planeta do jogo e serve apenas como palco para a batalha final, não possuindo exploração. Já a Valhalla tem como única função tomar o controle sobre um Leviatã para transportar Samus e toda a Federação Galáctica direto ao Phaaze.
    Todos os planetas possuem mapas bem variados e climas muito inóspitos e exóticos. Seus subchefes são muitos e seus chefões são imensos e não decepcionam. Nem preciso falar que cada chefe condiz com o planeta em questão. Além disso, os outros caçadores de recompensas estarão lá como subchefes, um em cada um dos três primeiros planetas, já que foram completamente corrompidos pelo Phazon. Dark Samus aparece como subchefe só no final, já que ela só volta para “buscar” os outros caçadores depois de derrotados.
    Metroid Prime 3 foi lançado direto para o Wii, por isso foi o que mais sofreu com as mudanças na jogabilidade. Dessa vez, ter um controle com sensor de movimentos foi muito mais do que simplesmente apontar para a tela ou mover o controle para fazer a Morph Ball dar um pulinho. Com movimentos das mãos, Samus pode girar chaves, interagir com puzzles ou retirar células de energia para transportá-las a outro lugar. O Grapple Lasso, que substitui o Grapple Beam, ganhou muitas novas funções. Além de usá-lo apenas como um chicote que te leva a plataformas mais distantes, agora ele pode remover objetos pesados, retirar escudos de inimigos, abrir portas e escotilhas e até transportar ou absorver energia, o que pode aumentar ou diminuir a sua barra de vida. Tudo com movimentos do seu próprio punho.


Pirate Homeworld, que é assolado constantemente por uma chuva ácida
    Mas as mudanças na jogabilidade não ficam apenas no sensor de movimentos. Com a substância Phazon infectando Samus, você poderá usar esse poder alienígena para ganhar novos poderes entrando no modo Phazon. Só que o botão que ativa o modo Phazon é o mesmo que mudava a sua arma principal nos jogos anteriores. Como resolver isso? Fácil, agora a cada nova arma que você consegue, esta substitui a antiga, e como você não pode mudar, a nova permanece com as mesmas propriedades da antiga, só que mais poderosa. Um exemplo disso é a segunda arma no jogo, o Plasma Beam, que pode derreter metais, coisa que a sua arma anterior, a Power Beam, não podia. Adquirindo-se a terceira e última arma do jogo – a Nova Beam – ela substituirá o Plasma Beam, mas continuará com a função de derreter metais, só que ganhando novas funções, como a de atravessar certos tipos de paredes.
    Um detalhe é que neste jogo você só tem três tipos de canhões. O quarto é o Phazon Beam, que você pode usar entrando no modo Phazon. Quando você ativa esse modo, todas as suas armas ganham o poder azul e ficam mais poderosas. Só que se você usar por tempo demais, você pode acabar ficando preso ao modo Phazon, o que pode ser fatal para Samus. E a única maneira de se livrar do modo Phazon numa hora dessas é descarregando todo o seu poder em alguma coisa, o que torna, não só o game play, mas a história do jogo muito mais emocionante.
    Já os visores, além daquele que controla a sua nave, que já é legal por si só, ainda temos o X-Ray Visor, que voltou do primeiro Metroid Prime com algumas mudanças. Ele só pode enxergar através de certas paredes, as mesmas que o Nova Beam é capaz de atravessar. Por isso, você usará uma interação entre o visor e o canhão para resolver alguns puzzles e descobrir alguns itens escondidos. Além disso, há uma função de zoom que lhe permite enxergar o ponto fraco no interior dos inimigos, algo bem interessante.
    Quanto ao visor da nave, este para mim foi um dos pontos altos do jogo, pois lhe permite chamar a sua nave para exercer diversas funções que você vai ganhando com alguns upgrades que vão desde um gancho para carregar coisas até bombas para bombardear inimigos (quando se está a céu aberto, é claro) o que é extremamente divertido. E você ainda pode estacioná-la em diferentes hangares por cada planeta, coisa que não era permitida nos outros dois jogos.
    O Scanner infelizmente permaneceu o mesmo de MP2, com aquele padrão horrível de cores verde/vermelho/azul. Agora outro adicional é que, quando o visor é ativado, tudo o que não pode ser escaneado fica em preto e branco, o que não facilita o trabalho de escanear, mas deixa o jogo mais feio. Se pelo menos o tivessem deixado como no primeiro Prime...
    O Screw Attack permanece, é claro, mas desta vez está muito mais fácil de ser usado e funciona melhor. Todos os outros itens estão de volta, com poucas novidades por este lado (já que a grande novidade ficou por parte dos poderes de Phazon), salve os mísseis, que agora podem congelar os alvos e objetos.
    Como esse é o jogo da trilogia com maior variedade de ambientes, também é o jogo com a maior variedade de inimigos e criaturas, isso sem falar da quantidade de criaturas feitas inteiramente de Phazon. Existem muito mais espécies de Space Pirates (que novamente mudaram completamente seu visual desde o jogo anterior) do que antes, incluindo aqueles que voam. Levando-se em conta as armas e armaduras que eles utilizam, podem ser classificados nas mais variadas patentes. Os Berserkers Lords são alguns dos inimigos mais fortes com quem você vai lutar e aparecem em diferentes momentos. Os Metroids estão um tanto mais assustadores do que antes, só que desta vez só há um tipo deles. E os chefes, é claro, são uma maravilha à parte. Algumas batalhas com eles são tão épicas e bem feitas que você se sentirá dentro de um simulador, como a luta em queda livre contra Meta Ridley, no começo do jogo.


    Os gráficos também melhoraram em relação ao anterior. E não é pra menos, já que o game contará com muito mais cutscenes do que os outros. Agora tudo tem uma aparência mais metálica, dourada ou prateada, em contraposição à Metroid Prime 2: Echoes, que possuía um mundo um tanto borrachudo. Na questão do visual, a Gunship de Samus mudou radicalmente e tivemos algumas leves mudanças na armadura da heroína, que ganhou detalhes minimalistas e ficou mais bonita. Já a vilã Dark Samus ganhou uma armadura com um design mais esportivo, diferente da Phazon Suit que ela usava antes, que não passava de uma cópia azul da Varia Suit de Samus.
    Em compensação, a trilha sonora decaiu um pouco. O número de músicas boas realmente marcantes caiu drasticamente, chegando a apenas duas, talvez no máximo três. A única que posso citar como melhor de todas é a que toca na batalha contra Rundas, o caçador de recompensas com poderes de gelo, em Bryyo, que também toca durante o trailer de Metroid Prime Trilogy.
    Fazendo uma comparação meio tosca, se Metroid Prime 2 começou ruim e foi ficando bom, Metroid Prime 3: Corruption foi exatamente ao contrário, pois começou excelentemente bem e foi ficando mais fraco, em relação ao enredo. O final do jogo é extremamente clichê, e eles pareciam não ter muitas idéias de como acabariam a história. Phaaze, o último planeta, só se torna acessível lá pro final, onde ocorrerá uma batalha final entre a Federação e os Piratas que quase não é mostrada. Ao aterrissar na superfície de Phaaze, Samus é envolvida pela atmosfera radioativa do planeta e fica presa em modo Phazon permanentemente. E é aí que entra a parte mais original do jogo: a sua barra de vida fica ao contrário. Ou seja, ao invés de você não poder deixar ela se esvaziar completamente, ela fica vazia e você deve evitar que ela seja completamente preenchida, já que ela passa a representar a quantidade de Phazon no seu organismo. E o único jeito de aliviar esse sintoma é coletando moléculas de anti Phazon que existem por aí. Tá bom, é praticamente a mesma coisa que ter uma barra de vida normal, mas isso dá um ar de originalidade ao jogo. E você ainda terá de lutar desse jeito contra Dark Samus e contra o chefão final.
    Com um final um tanto clichê, mas com gráficos excelentes, uma boa história, trilha sonora e jogabilidade, Metroid Prime 3: Corruption conseguiu alcançar o posto de melhor jogo da trilogia, encerrando-a com maestria. Poderia ter ficado melhor, é claro. Sempre pode ser melhor. Mas não significa que MP3 não tenha conseguido marcar o mundo dos video games com as inovações que trouxe para a franquia. Possuindo um final em aberto, não seria surpresa se a história criada aqui fosse continuada no futuro. Seria bom se a série voltasse a este novo estilo iniciado em Metroid Prime para continuar esta aventura sobre o Phazon e Dark Samus. Com uma vilã imprevisível como esta, nunca se sabe...


Fatores ruins: Scann Visor continua idêntico ao de MP2; nenhuma música muito marcante; nenhum cenário muito marcante; final clichê e que deixa um pouco a desejar.

Fatores bons: incontáveis inovações em relação aos anteriores; melhores gráficos da trilogia; chefões divertidíssimos; cenários super variados; grande variedade de inimigos; possui NPCs em abundância; melhor história entre os três jogos; uso perfeito dos sensores de movimento nos controles; FINALMENTE a presença de um meio de transporte instantâneo que ficou devendo nos jogos anteriores.




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