quinta-feira, 5 de maio de 2011

Insidious (Sobrenatural)


    Nesse fim de semana, fui assistir Thor com meus amigos no cinema. Como somos muito desorganizados, eu ainda estava no metrô enquanto um amigo meu ficou de comprar os ingressos. Nos comunicando por celular, ele me disse que nas sessões de Thor, só havia lugares na segunda fileira e eu (que odeio sentar nas primeiras fileiras) pedi para que optasse por outro filme. Acabou escolhendo “um filme de terror qualquer aí”. Comprou os ingressos de Sobrenatural. Sem ter a menor idéia do que se tratava, eu cheguei a pensar que era uma adaptação daquela série de TV tosca, Supernatural, mas felizmente era um filme de terror de verdade.
    Ao iniciar a sessão, Insidious me parecia uma típica história de terror com casa mal assombrada e fantasmas que não largam do pé da pobre família que tenta viver uma vida feliz. Parece mais um episódio prolongado de “Assombrações”, do Discovery Channel: um casal com três filhos se muda para uma casa em uma pacata vila. De repente, o filho mais velho, de oito anos, entra em um coma inexplicável. A partir daí, é só uma questão de tempo para que todo tipo de assombração comece a aterrorizar a família com os melhores sustos possíveis. A única solução, como sempre, é mudar de casa novamente. O único problema é que não era a casa que estava assombrada.
    Tentando se livrar deste pesadelo eterno, o casal toma iniciativas e chama um padre para exorcizar a casa, uma médium, e até uma dupla de caça-fantasmas munidos de aparatos detectores dos seres etéreos. Mas apenas a médium acaba descobrindo os verdadeiros motivos das aparições. O filho em coma, Dalton, na verdade “fugiu” de seu corpo, levando seu espírito à outra dimensão, achando que esta projeção astral era apenas um sonho. Seu corpo sem vida aqui na Terra se tornou um farol para todo tipo de assombração que deseja possuí-lo para voltar à vida, além de atrair um demônio, que quer apenas causar sofrimento às pessoas.
    O grande trunfo do filme são os sustos, que fazem qualquer um pular da cadeira, e um ótimo trabalho por parte dos atores, tanto adultos quanto crianças. O clima sombrio e depressivo e a película cinzenta também contribuem para uma atmosfera tensa, que ajuda a meter medo no espectador mesmo com as coisas mais bobas, além de lembrar muito a película de Jogos Mortais (que, aliás, é do mesmo diretor, James Wan). O chato mesmo foi ter que dividir a sala de cinema com uma platéia histérica, que com qualquer sustinho besta berrava como se o teto estivesse desabando.
    Mas o que dava medo, em si, não eram os fantasmas e aparições, e sim a música arrepiante, o principal motivo dos sustos. Os fantasmas eram, na verdade, coisas bobas. Rostos maquiados de branco em janelas, vultos de crianças, mulheres de vestido branco e velhas vestidas de noivas não são tão assustadores assim se você baixar o volume. A cena em que o demônio de rosto vermelho (parece até o Darth Maul) aparece atrás do pai da família, quando fui procurar pela imagem, não dá tanto medo assim, mas é quase um ataque cardíaco quando assistida no cinema. Então por parte da música e dos efeitos sonoros o filme é nota dez.
    O roteiro é muito bem construído, utilizando clichês do gênero para fazer um filme original. O único problema é que o terror cansa com o passar do tempo e, ao chegar ao final, os sustos perdem a graça e os fantasmas já não dão mais medo. A cena em que o protagonista viaja sozinho até “o outro lado” para salvar seu filho é recheada de atores vestidos de espíritos malignos que parecem ter perdido sua capacidade de assustar. Até mesmo o demônio, tão hediondo e medonho em sua primeira aparição, deixa de dar medo, quando sua verdadeira aparência é revelada. Talvez tivesse sido melhor que tudo permanecesse nas trevas do mistério do que ter mostrado esses seres de maneira explícita.
    Vá assistir ao filme caso goste muito de filmes de terror com fantasmas. Ele tem agradado muito a esse tipo de público. Mas não vá esperando um final original e inesperado, como em Jogos Mortais. Existe até uma referência a Jigsaw em uma das cenas que chega a ser bastante engraçada. No final, foi um bom e bem intencionado filme de terror. Vale a pena assistir mais ou menos até um pouco depois da metade. Mas não leve a sua namorada junto se ela tiver medo de barata, pois o filme não foi feito para pessoas de nervo fraco. Quanto a mim, talvez tivesse sido melhor ter assistido Thor na segunda fileira.

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